quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Cartas que nunca foram enviadas I

Por muito tempo eu te esperei.
Por muito tempo eu me iludi;
Por muito tempo eu sonhei acordada;
Sonhei que voltaria para mim.
Por muito tempo me decepcionei
E continuei a me decepcionar
esperar
sonhar

Eu te amei a cada segundo;
Te desejei a cada noite
Te via a cada piscada
e sorria...

Procurei seu cheiro em outros
seu sabor, perdido por aí...
Seu calor em minha cama;
Procurei consolo,
paixões,
orgasmos,
personagens ínfimos...

Eu te amei como jamais amei outro
Amei sua perfeição;
e cada defeito seu

Menti pra você;
Menti por você;
Ou por mim, em um ato extremamente egoísta;
Mas eu precisei.

Queria viver ao seu lado,
mas você quer viver ao lado de qualquer outra pessoa
que não seja eu...
Já me esqueceu;
Se é que um dia me lembrou.

Te deixei ir, livre
Já atrasei de mais minha vida
Não quero mais
Ou quero, mas não posso
Não posso mais chorar;
Não posso mais sentir aquela dor.

A dor do esquecimento é melhor que a dor da decepção.
Prefiro ela;
quem sabe um dia eu supere;
assim como você.

Quem sabe um dia você volte a falar comigo;
Quem sabe um dia eu responda;
Quem sabe um dia você me diga o que realmente houve entre nós.

Quero ouvir da sua boca que nunca se lembrou de mim, nem um instante sequer;
que nunca sentiu  saudades...
Quero ver a sinceridade em seus olhos;
Quero ver quantas cicatrizes causei em sua alma.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Morangos Mofados - Caio F. Abreu

"Mas tentamos tudo, eu digo, e ela diz que sim, claaaaaro, tentamos tudo, inclusive trepar, porque tantos livros emprestados, tantos filmes vistos juntos, tantos pontos de vista sociopolíticos existenciais e bababá em comum só podiam era dar mesmo nisso: cama. [...]
 ... pela primeira vez na vida, você disse, e eu acreditei, pela primeira vez na vida, eu disse, e não sei se você acreditou. [...] 
Não que fosse amor de menos, você dizia depois, ao contrário, era amor de mais, você acreditava mesmo nisso?"


"... tem coisa mais autodestrutiva que insistir sem fé nenhuma?"


"me deseja tambem uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que me faça acreditar em tudo de novo, que nos faça acreditar em tudo outra vez, que leve para longe de minha boca este gosto podre de fracasso [...] nos prendemos no meio da estrada e nunca tivemos mapa algum"


"fui percebendo, por dentro da chuva, que talvez eu não quisesse que ele soubesse que eu era eu, e eu era."


"Como uma cópula moral, uma foda ética ou etílica, sabe-se lá a que requintados níveis de abstração, perversidade ou subterfugio podem chegar certas trepadas. [...] numa espécie de sedução pelo avesso, pelo ideológico, não pelo estético"


"permanecia mudo parado suspenso entre várias coisas que ja não eram e outras tantas que poderiam vir a ser, ou não"


"Agente queria fica apertado assim porque nos completávamos desse jeito, o corpo de um sendo a metade perdida do corpo do outro. Tão simples, tão clássico."


"Preciso tentar certa ordem no que digo, e dizer de novo, vê se me entendes: ele não se afasta, mas é dentro dele que eu me afasto. Dentro dele, eu espio o de fora de nós. E não me atrevo."


"Há um excesso de cores e de formas pelo mundo. e tudo vibra pulsátril, fremindo."


"...eu queria minhas aquelas mãos que o tocavam e também meus aqueles dedos e minhas ainda aquelas narinas e aquela língua lambendo o membro rijo dele até deixá-lo empinado o suficiente para, com muito cuidado, entrar rasgando de prazer e dor. [...]Olha, ouve e repara: essas sinuosidades são de cobra, não de ave."


"Assim eu próprio, me parecendo a mim mesmo, de um lado para o outro, entre cigarros sem sabor, jornais sangrentos e a certeza de que o único fato que poderia deter minha parida seria a tua aceitação deste convite: não queres me ajudar a matá-lo?"


"Eu contei: pelo tronco da árvore, de um lado a outro do precipício, eu atravessava. Foi quando parei, com medo do abismo. Não voltaria, nem iria em frente."

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Brasil, o país da diversidade


            Chão de terra batido, apenas um pequeno pé de mato no canto inferior direito da tela, que reluz a escala cinzenta no rosto pálido do editor de imagens, que calcula precisamente qual o melhor ângulo para fechar o documentário em que trabalha a um mês exato.
            Seus olhos, vermelhos e lacrimejantes, analisam, já cansados, o corpo quase nu da índia ajoelhada ao chão, que amamenta uma pequena cotia que delicia-se com o leite quente saindo da mama direita.
            Seus colares brancos, caindo sobre seu colo, contrastam com o moreno de sua pele bronzeada pelo sol, servem de brinquedo para a criança que segura em seu colo, certamente, seu filho de não mais de um ano de vida.
            A mata atrás dessas figuras vívidas, denuncia um verde reluzente, apesar da imagem estar em preto e branco.
            “Brasil, o país da diversidade”, a imagem final fazia jus ao título do documentário, pensou o editor, finalizando finalmente seu trabalho e desligando seu equipamento.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

I Don't Care - Apocalyptica

"I try to make you see my side 
Always try to stay in line 
But your eyes see right through 
That's all they do"




terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Noite fria

            

            Mais uma noite fria iniciava-se na mesmice rotineira da vida de um universitário.
            Um homem sentado em um banco gélido, situado exatamente ao centro do espaço reservado aos fumantes, escreve compulsivamente em seu caderno, apoiado sobre a mesa à sua frente, com sua lapiseira negra como a noite sem estrelas. Uma brisa leve teima em chocar-se contra seus cabelos castanhos sedosos, fazendo sua pele branca brilhar ao refletir a pouca luz que cai sobre ele.
            Incomodado por sua folha, ainda presa no caderno, ficar debatendo-se incessantemente contra sua mão, apoiada levemente sobre o fim do espaço ainda não preenchido por sua miúda letra, deposita sua pequena borracha acinzentada por seu uso constante, todos os dias, em todos os textos, em todo lugar que ele sente e pare pra pensar e passar para um simples pedaço de papel seus sentimentos. No canto oposto da página de onde ele parou brevemente de acrescentar mais e mais palavras, dando, assim, sentido à frase e  conseqüentemente, ao grande texto que havia criado sobre a anteriormente branca página.
            Ao sopro mais forte da brisa, que já tornara-se um vento balançando as folhas verdes das pequenas palmeiras, iluminadas por luzes de postes finos e altos, sua borracha é jogada ao chão de tijolos desgastados por tantas pessoas já terem pisado sobre eles.
            Em um movimento brusco, mas mesmo assim gracioso,  homem de estatura mediana dobra-se em um contorcionismo que chega a ser hilariante e pega sua borracha, juntando com o resto de seu material espalhado sobre a mesa, e sai correndo para sua sala, onde iniciava-se sua próxima aula.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Morte é vida

Certo dia, Pedro estava sentado em sua costumeira cadeira em frente a única janela de sua casa que dava para apreciar o movimento corriqueiro, do dia-a-dia, que se passava na rua de ladrilhos, cobertos pelas folhas caídas de outono das mais belas pessegueiras que conhecia desde criança, quando subitamente a porta se abre e uma mulher alta, esguia e muito bem maquiada, para esconder as rugas adquiridas ao longo de seus cinqüenta anos. Vera, sua irmã, vinha visitar-lhe uma vez por semana, para assegurar que Pedro estava bem e se faltava-lhe algo.
            Pedro era um homem solitário, que raramente saia de casa após a morte de sua filha e esposa em um trágico acidente de carro, de onde ele foi um feliz, ou nem tão feliz, como ele dizia, sobrevivente.
            Todo ano, no mesmo dia e mês, ele sentava na mesma cadeira, no mesmo lugar e permanecia na mesma posição o dia inteiro. Quando perguntavam-lhe o por que de sempre repetir o mesmo feito ano após ano, durante vinte e cinco anos, a resposta era pronta e imediatamente a mesma:
-        Elas vão voltar. Tenho certeza que virão me buscar.
            Vera, já cansada desse luto infinito que o irmão se propusera, questionou-lhe mais uma vez, e como a resposta foi a esperada, ela dirigiu-se à janela aberta e trancou-a com força, fazendo um ruido estridente ecoar pela sombria e quieta casa. Pedro, por sua vez, levantou-se lentamente após encarar a janela fechada por um breve momento, e dirigiu-se a mesma para abri-la novamente.
            Assim que aberta, Pedro olhou sua irmã nos olhos castanhos, idênticos aos seus, e com uma mistura de felicidade e medo, proferiu aquelas que seriam suas últimas palavras:
-        Eu disse que elas viriam me buscar.
            E com um súbito baque, ele caiu deitado inerte sobre o assoalho mal encerado de sua velha casa, fazendo sua irmã ajoelhar-se ao seu lado em desespero e angústia.
            Finalmente, o dia chegara. Finalmente, ele reencontraria suas tão amadas mulheres. Finalmente, encontraria sua felicidade. Finalmente, ele viveria.


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Bigger Than Us - White Lies

"I feel like I'm breaking up, and I wanted to stay
Headlights on the hillside, don't take me this way
I don't want you to hold me, I don't want you to pray
This is bigger than us"





Grávidas na Adolescência

Sabe aquele momento de êxtase e felicidade, quando você é uma péssima pessoa por estar rindo, mas você é feliz mesmo assim?
Vingança.
Nunca pensei em revidar algo que me fizeram.
Mas realmente, vingança é um prato que se come frio.
E é doce, muuuito doce.
Nos ultimos dias descobri que um ex namorado meu engravidou uma garota de 13 anos, e parece que nem eram namorados, estavam juntos ou coisa assim.
Na hora que soube, não sabia se ria ou ficava com pena da garota, afinal, a vida dela já era.
Uns dias depois, descobri que outro ex namorado meu tinha cometido o mesmo erro.
Não me aguentei.
Fui obrigada a rir.
Podem vir reclamar, me chamar de puta, cachorra ou seja lá qual o xingamento da vez.
Mas a não muito tempo atrás, fui repreendida por esse meus ex por estar apenas me divertindo. Fui chamada de  puta, me disse que iria colecionar um centro de DSTs e mais um monte de baboseiras.
Me cuidei. Sempre me cuido.
Não tenho nada.
E agora a criancinha foi descobrir como se brinca de fazer filhinho e não se cuidou.
Resultado, mais uma garota que estragou a vida por causa de um "descuido".
Mas na real, esses descuidos não existem. Qualquer garota sabe do que se trata o sexo, sabe quais os riscos e sabe que tem que se cuidar. Sabe quais as artimanhas para se cuidar e sabe as artimanhas para dar o Golpe da Barriga.
Isso mesmo, estou chamando as duas de putinhas miseráveis que resolveram seguir o exemplo da mulher da novela das 8 e engravidar só para nao perder o Homem Amado.
Agora me digam, o que essas Antas têm na cabeça ao fazer isso?
Minhas queridas, lamento informar-lhes mas só o que vocês conseguiram foi uma boneca de verdade gerando dentro de vocês e perderam festas, farras e diversão.
Bem vindas ao clube das mãmães irresponsáveis e desiludidas.
Ou vocês acham mesmo que os respectivos namorados vão propor casamento e irão formar uma família de Felizes para Sempre?
Caiam na real, vocês acabaram de assinar o maior atestado de Burrice e Suicídio.

Amores

Andam me perguntando por que tenho tanto medo de me juntar a alguem.
Dizem que namorar é divertido, e bom, mostra o quanto a pessoa ama você...
Tenho tudo isso sem precisar me amarrar a alguem.
Por que ei de querer colocar uma algema no dedo anelar se posso ter tudo isso sem ela?
Não sou insensível.
Gosto de beijar, sentir, amar...
Afinal, é assim que sabemos que estamos vivos, correto?
Não tem nada haver com medo,
apreensão,
insensibilidade,
ou seja o que for.
Eu só preso de mais minha liberdade.
Gosto de sair sem precisar pedir permissão pra alguem.
Gosto de sair com meus amigos finais de semana.
Gosto do meu trabalho
Adoro estudar.
Já tentei conciliar tudo, mas realmente não deu muito certo.
Apenas decidi seguir minha vida, deixando ela me guiar.
Se aparecer aquele amo para vida toda, não irei dispensar
apenas nao quero agora
quero curtir minha recém maior idade
ainda tenho muitos sonhos para perseguir
e um relacionamento sério agora, só iria estragar as coisas
Apenas isso.